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                   A crônica argumentativa 

 

Antes de adentrarmos às características inerentes a este tipo de texto, torna-se relevante destacarmos que a nomenclatura “crônica” deriva-se do latim Chronica e do grego Khrónos (tempo). Em função desse tempo é que podemos assemelhá-lo à narração, ao se tratar de um relato sobre um ou mais acontecimentos permeados em um determinado tempo.

Perfazendo-se de poucos personagens, ou em muitos casos isentos dos mesmos, tal modalidade tem como principal eixo temático fatos corriqueiros inerentes ao cotidiano social, político ou cultural. Desta feita, o cronista, lançando mão de sua criatividade imaginativa, incrementa-os com toque de bom humor e ironia, de modo a permitir que as pessoas vejam por outra ótica aquilo que lhes parece relativamete óbvio.


Trata-se de um texto essencialmente veiculado por jormais e revistas, razão pela qual ele oscila entre jornalismo e 
literatura pelo fato de que o emissor parte da observação dos fatos reais, embora os relate de forma predominantemente subjetiva.

Entretanto, em determinadas ocasiões, este lado poético cede lugar a um instinto opinativo, no qual a realidade observada passa a ser retratada como forma de protesto em função de um fato polêmico. Atribui-se a este caso o que denominamos de crônica argumentativa.


Tal posicionamento defendido materializa-se por meio da argumentação e da exemplificação. Neste caso, ironia e sarcasmo parecem fundir-se ao mesmo tempo, caracterizados pela forma em que o cronista se propõe a defender seu ponto de vista, divergindo-se da maneira pela qual a maioria o concebe. 






Funções da linguagem



   As funções da linguagem são recursos necessários para se estabelecer uma comunicação eficiente. As funções da linguagem são resumidas em seis tipos: 






Função Fática



A função fática ocorre quando o emissor quebra a linearidade de sua comunicação , a fim de observar se o receptor o entendeu . São perguntas como não é mesmo ?, você está entendendo?,cê ta ligado ?,ouviram ? , ou frases como alô!,oi.


Função apelativa (ou conativa)

É centralizada no receptor (destinatário). O emissor quer influenciar o seu comportamento do receptor, com a intenção de convencê-lo ou lhe dar ordens. Geralmente usam-se os pronomes tu, você ou o nome da pessoa. Também usa-se vocativos e imperativos. Essa função é comum em discursos, sermões, propagandas políticas e religiosas, figuras de linguagem.
Exemplos:
Você viu como ficou a roupa da Júlia?
Lúcia corre e veja isso!
Você deveria ler o artigo que a Folha trouxe sobre os senadores

Função emotiva (ou expressiva)

É centralizada no emissor: expressa suas emoções, seus sentimentos, sua opinião. Comum haver interjeições, exclamações, reticências e uso da 1ª pessoa do singular. Uso dos pronomes pessoais. Função comum em autobiografias, cartas de amor, memórias, poesias líricas, etc.
Exemplos:
Júlia, eu te amo muito - não faça isso!
Muito obrigada, não esperava surpresa tão boa assim! Não,... não estou triste, mas também não quero comentar o assunto.

Função referencial ou denotativa

É centrada no referente. O texto oferece informações sobre a realidade. Usa uma linguagem denotativa, direta, objetiva, prevalecendo 3ª pessoa do singular. Aborda fatos concretos. Linguagem comum dos jornais e livros científicos.
Por exemplo: um texto descritivo informativo sobre todos os objetos e detalhes que há sobre uma mesa de aniversário.

 Função fática
Função centrada no canal. Objetiva-se prolongar ou interromper o contato com o receptor, isto é, manter ou não a comunicação. O que se pretende privilegiar não é a comunicação, mas sim, o contato em manter o ouvinte ou o leitor, maior aproximação entre remetente e destinatário. Comum em interjeições, linguagem das falas telefônicas, saudações, propagandas, etc. 
Outros exemplos:
 
Elevar o polegar para dizer que 'tudo continua bem' ;
A foto do primeiro contato entre celebridades, geralmente flagradas no aperto de mãos, marcando o início da comunicação entre eles;
- Olá, como vai, tudo bem?
- Alô, quem está falando?



Função poética

É centrada na mensagem. Preocupa-se com o plano de expressão da mensagem, com sua construção. Uso da linguagem figurada, poética, afetiva, sugestiva, denotativa e metafórica, com fuga das formas comuns. Procura atrair pela estética, pela beleza. Valoriza-se a combinação das palavras. Obras literárias, letras de música, propaganda, expressões plurissignificativas, sinônimos, etc.
“Lá em cima daquela serra,
passa boi, passa boiada,
passa gente ruim e boa,
passa a minha namorada.”

Função metalinguística

É centrada no código. Uso da linguagem para explicar a linguagem, ou seja, usa o código para explicar o próprio código. Poesia para explicar a poesia. Um texto que comenta outro texto. Comum nos dicionários, propaganda de propaganda, sinais de trânsito, etc.

Exemplos:
- Não entendi o que é metalinguagem, você poderia explicar novamente, por favor?
 - Metalinguagem é usar os recursos da língua para explicar alguma teoria, um conceito, um filme, um relato, etc.
                                                                                   Os elementos da comunicação
1.      Emissor - emite, codifica a mensagem.
2.      Receptor - quem recebe, quem decodifica a mensagem.
3.      Canal - meio pelo qual circula a mensagem: jornal, livro, revista, folheto, prova.
4.      Mensagem - conteúdo da comunicação.
5.      Código - conjunto de signos usados na transmissão e recepção da mensagem: linguagem verbal escrita. Ex: (PT-BR)



A DIFERENÇA ENTRE O CONTO E A CRÔNICA



O CONTO
   O Conto é a forma narrativa, em prosa, de menor extensão (no sentido estrito  de tamanho), ainda que contenha os mesmos componentes do romance. Entre suas principais características, estão a concisão, a precisão, a densidade, a unidade de efeito ou impressão total – da qual falava Poe (1809-1849) e Tchekhov (1860-1904): o conto precisa causar um efeito singular no leitor; muita excitação e emotividade.

        Basicamente, o que diferencia o conto da crônica é a densidade poética.
O conto é pesado, a crônica é leve. O conto deve provocar e inquietar, a crônica deve entreter e deleitar. A crônica é a prosa curta, amena e coloquial, com toques de malícia e humor, sobre os fatos políticos da atualidade ou sobre os hábitos e costumes dos diversos segmentos sociais. O conto é todo o resto, é toda a prosa curta que não é crônica.

       No conto a história é completa e fechada como um ovo. É uma célula dramática, um só conflito, uma só ação.                                                                                                                                                                                                   
        Poucas são as personagens em decorrência das unidades de ação, tempo e lugar.  Ainda em conseqüência das unidades que governam a estrutura do conto, as personagens tendem a ser estáticas, porque as surpreende no instante climático de sua existência. O contista as imobiliza no tempo, no espaço e na personalidade (apenas uma faceta de seu caráter), as ações transcorrem num tempo maior: dias, meses, até anos, o que não se dá na crônica, que procura captar um lance curioso, um momento interessante, triste ou alegre. No conto, a personagem é analisada e/ou caracterizada, há maior densidade dramática e freqüentemente um conflito, resolvido em desfecho. Na crônica, geralmente não há desfecho, esse fica para o leitor imaginar e, depois, tirar suas conclusões. Uma das finalidades da crônica é justamente apresentar o fato, nu, seco e rápido, mas não concluí-lo. A possível tese fica a meio caminho, sugerida, insinuada, para que o leitor reflita e chegue a ela por seus próprios meios.

A CRÔNICA
        Crônica, é o único gênero literário produzido essencialmente para ser veiculado na imprensa, seja nas páginas de uma revista, seja nas páginas de um jornal. Quer dizer, ela é feita com uma finalidade utilitária e pré-determinada: agradar aos leitores dentro de um espaço sempre igual e com a mesma localização, criando-se assim, no transcurso dos dias ou das semanas, uma familiaridade entre o escritor e aqueles que o lêem. A crônica é, primordialmente, um texto escrito para ser publicado no jornal. Assim o fato de ser publicada no jornal já lhe determina vida curta, pois à crônica de hoje seguem-se muitas outras nas próximas edições.
         A crônica é um gênero híbrido que oscila entre a literatura e o jornalismo, resultado da visão pessoal, particular, subjetiva do cronista ante um fato qualquer, colhido no noticiário do jornal ou no cotidiano. É uma produção curta, apressada (geralmente o cronista escreve para o jornal alguns dias da semana, ou tem uma coluna diária), redigida numa linguagem descompromissada, coloquial, muito próxima do leitor. Quase sempre explora a humor; mas às vezes diz coisas sérias por meio de uma aparente conversa – fiada. Noutras, despretensiosamente faz poesia da coisa mais banal e insignificante.
        E, finalmente, a crônica é o relato de um flash, de um breve momento do cotidiano de uma ou mais personagens. O que diferencia a crônica do conto são o tempo, a apresentação da personagem e o desfecho.



TIPOLOGIA TEXTUAL


TIPOS DE COMPOSIÇÃO

NARRAÇÃO

É um relato organizado de acontecimentos reais ou imaginários. São seus elementos constitutivos: personagens, circunstâncias, ação; o seu núcleo é o incidente, o episódio, e o que a distingue da descrição é a presença de personagens atuantes, que estão quase sempre em conflito.
DESCRIÇÃO

Descrever é representar verbalmente um objeto, uma pessoal, um lugar, mediante a indicação de aspectos característicos, de pormenores individualizantes. Requer observação cuidadosa, para tornar aquilo que vai ser descrito um modelo inconfundível. Não se trata de enumerar uma série de elementos, mas de captar os traços capazes de transmitir uma impressão autêntica. Descrever é mais que apontar, é muito mais que fotografar. É pintar, é criar. Por isso, impõe-se o uso de palavras específicas, exatas.

DISSERTAÇÃO

Dissertar é apresentar idéias, analisá-las, é estabelecer um ponto de vista baseado em argumentos lógicos; é estabelecer relações de causa e efeito. Aqui não basta expor, narrar ou descrever, é necessário explanar e explicar. O raciocínio é que deve imperar neste tipo de composição, e quanto maior a fundamentação argumentativa, mais brilhante será o desempenho. 

Dissertação expositiva
É a modalidade textual adequada para tratar de informações tidas como verdades inquestionáveis e tem o objetivo de informar o leitor sobre o máximo de aspectos relevantes ligados ao tema.

Dissertação argumentativa
Vai além da exposição organizada das informações. Nela o autor apresenta sua visão crítica do tema, ou seja, vê o assunto como algo polêmico, que gera diferentes versões sobre a "verdade" dos fatos.

INJUNÇÃO

Indica como realizar uma ação. Também é utilizado para predizer acontecimentos e comportamentos. Utiliza linguagem objetiva e simples. Os verbos são, na sua maioria, empregados no modo imperativo, porém nota-se também o uso do infinitivo e o uso do futuro do presente do modo indicativo. Ex: Previsões do tempo, receitas culinárias, manuais, leis, convenções, regras, etc.




COESÃO E COERÊNCIA


COESÃO TEXTUAL


   Dois atletas que representaram o Brasil nas Olimpíadas chegaram ao aeroporto do Galeão, no Rio de Janeiro, trazendo duas medalhas de ouro. Apesar da conquista do ouro, não havia fãs à espera dos campeões. O governador do Estado, porém, irá recebê-los no palácio.

           A coesão textual são articulações gramaticais ( conectores ) existentes entre palavras, orações, frases, parágrafos e partes maiores de um texto. Assim como a coerência e o contexto, a coesão é um dos componentes da textualidade.


TIPOS DE COESÃO

Por referência:

Pronomes pessoais:  Carlos e Mateus não compareceram. Eles  provavelmente tiveram algum imprevisto, de forma que teremos de enviar-lhes  uma síntese da reunião.

Pronomes possessivos:  Apesar de o poema apresentar uma métrica, seus versos falam sobre a liberdade da criação lírica.

Pronomes indefinidos: Enviamos-lhe flores, doces, presentes ... Foi  tudo  em vão...

Pronomes relativos: O país cuja  população não valoriza a leitura está fadado à cegueira, a qual impede que os cidadãos de uma nação possam realmente se comportar como cidadãos.

Advérbios: É uma cidade muito simpática chamada Cartópolis de Minas. Lá as crianças ainda podem correr soltas pelas ruas.

Por  omissão ou elipse:

Os moradores reivindicam  melhorias  na rede sanitária do bairro, bem como um serviço de coleta de lixo mais eficiente. ( elipse do verbo reivindicam )

Lexical, com o uso de:

Sinônimos: O automóvel descontrolado bateu no muro após ter atingido duas vítimas. O dono do veículo  ainda não fora localizado.

Hiperônimos ou sinônimos contextuais: Em Belo Horizonte a violência tem preocupado muito a população. A cidade tem assistido  assustada aos inúmeros crimes que acontecem todos os dias na capital mineira.

Síntese: O presidente deve anunciar  novas medidas que irão alterar a contabilização do imposto, mas provavelmente não fará isso  nesta semana.

Por conexões


Os conectivos ou conectores são elementos que inseridos no texto torna a leitura mais fácil e fluente. Por isso temos que saber usá-los com precisão, tanto no interior da frase, quanto ao passar de um enunciado a outro, se a clareza assim o exigir. Sem esses conectores – preposição, advérbios, conjunções, termos denotativos, pronomes relativos -  o pensamento não flui, muitas vezes não se completa, e o texto torna-se obscuro, sem nenhuma coerência.

1-       Adição: e, nem, também, não só..., mas também.
2-       Alternância: ou... ou, quer... quer, seja... seja.
3-       Causa: porque, já que, visto que, graças a, em virtude de.
4-       Conclusão: logo, portanto, pois.
5-       Condição: se, caso, desde que, a não ser, a menos que.
6-       Comparação: como, assim como.
7-       Conformidade: conforme, segundo.
8-       Consequência: tão... que, tanto... que, de modo que, de sorte que, de forma que, de maneira que.
9-       Explicação: pois, porque, porquanto.
10-   Finalidade: para que, a fim de que.
11-   Oposição: mas, porém, entretanto, embora, mesmo que, apesar de.
12-   Proporção: à medida que, à proporção que, quanto mais, quanto menos.
13-   Tempo: quando, logo que, assim que, toda vez que, enquanto.



CONJUNÇÕES


Orações coordenadas sindéticas podem ser:

Aditivas: expressa uma idéia de adição, de soma. (conjunções: e, nem, não só, mas também).
Ex: Vamos ouvir música e comer uma pizza.

Adversativas: expressa uma idéia de compensação ou contraste. (conjunções: mas, porém, contudo, todavia, entretanto, senão, etc.).
Ex: Meu coração pergunta, porém meus olhos não respondem.

Alternativa:  expressa uma idéia de exclusão, de alternância. ( conjunções: ou... ou, já... já, ora... ora, quer... quer etc.).
Ex: Vamos fazer um poema ou qualquer outra besteira.

Conclusiva: exprime conclusão. ( conjunções  logo, pois, portanto, por conseguinte, etc.)
Ex: Ela o trata com carinho, logo gosta dele.

Explicativa: explica a idéia contida na oração anterior dando um motivo. ( conjunções: pois, porque, que, etc. )
Ex: Traga o jornal, pois quero ler as notícias.

As orações subordinadas adverbiais podem ser:

 Adverbial causal: indica causa do que está expresso no verbo da oração principal. As
principais conjunções causais são: porque, pois, como, porquanto, visto que, uma vez que, etc.
Ex: Como não havia vacinas, muitos pegaram a doença.

Adverbial comparativa: estabelece comparação com a ação expressa pelo verbo da oração principal.
As principais  conjunções comparativas são: que, do que, como etc.
Ex: Ele lutava como um guerreiro espartano

 Adverbial concessiva: indica que se admite ou se concede um fato contrário à declaração contida
na oração principal. As principais conjunções concessivas são: mas que, embora, mesmo que, posto
que, por mais que, se bem que, nem que, etc.
Ex: Não venderão o produto, ainda que gastem milhões em propaganda.

 Adverbial condicional: indica a condição necessária para que o fato expresso na oração principal
se realiza. As principais conjunções condicionais são: se, caso, sem que, contanto que, salvo se,
desde que, a menos que, a não ser que, etc.
Ex: Venderão o produto, caso alterem a sua fórmula.

 Adverbial conformativa: exprime conformidade com o que declara na oração principal. As
principais conjunções conformativas são: conforme, como, segundo, consoante etc.
Ex: O jantar será servido às oito horas, conforme combinamos.

 Adverbial consecutiva: indica consequência do que se foi declarado na oração principal. É
introduzida pela conjunção que precedida de tal, como, tão ou tamanho.
Ex: Ele falava tanto que começava a ser inconveniente.

 Adverbial final: indica finalidade do que está expresso na oração principal. As principais conjunções
finais são: para que, a fim de que, que ( = para que ).
Ex: Construíram diques para que as águas não alagassem os campos.

 Adverbial proporcional: indica uma relação de proporcionalidade com o fato expresso na
oração principal. As principais conjunções proporcionais são: à medida que, à proporção que, ao
passo que, quanto mais... mais, quanto menos... menos, etc.
Ex: Os lucros iam crescendo, à proporção que se reduziam os custos.

 Adverbial temporal: indica o tempo em que ocorre o fato expresso na oração principal. As
principais conjunções temporais são: quando, enquanto, antes que, depois que, desde que, logo
que, assim que, até que, etc.
Ex: Todos estavam reunidos quando ele anunciou seu casamento.


COERÊNCIA TEXTUAL




O que é coerência textual?

               Imagine a seguinte situação: um casal de namorados foi ao cinema. Lá eles comeram pipoca e tomaram refrigerante, mas o filme decepcionou um pouco. Ao chegar em casa, a garota pretende contar à mãe como foi, dizendo a ela em destes dois enunciados. Compare-os:

Foi ótimo! O filme era tão bom, que todos dormiram no cinema. Além disso, durante a sessão comemos pipoca salgada demais e o refrigerante que levamos caiu no meu vestido. Foi uma tarde maravilhosa!

Fomos ao cinema, mas não gostamos do filme. Apesar disso, lá comemos pipoca, tomamos refrigerante e nos divertimos muito.

As articulações de ideias que participam da construção do sentido de um texto chamamos de coerência textual. Ela depende não apenas das articulações internas do texto, mas também de outros fatores da situação comunicativa, ou seja, quem é o locutor, qual é a intenção ao produzir o texto, se o interlocutor é capaz de perceber essa intenção, etc.     A coerência é uma das características que um texto deve ter para apresentar textualidade, isto é, para que seja de fato um texto e não apenas um aglomerado de frases.


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